Bom dia minhas caras leitoras, bom dio meus caros leitores. Desde quando eu me conheço como entendedor de futebol, se é que mereço esse título, eu sou um desses que cresceu com o preceito do camisa 10 craque do time.
E quem é que não, não é? Nas peladas de final de aula na escola, quando estava no time dos “de colete”, enfrentando os “sem colete”, quem é que não queria o colete número 10? Quem nunca foi a uma loja de camisas de futebol, e não comprou a 10 do seu time de coração? Quem é que nunca foi cobrar um penalti no fundo do quintal, e não proferiu: “Agora na bola, ele, o camisa 10, o craque do time… correu, bateu…“? Bem, se você não, sinto muito…
Não que só o camisa 10 seja a do craque também, várias outras camisas foram imortalizadas, como a 7, a 9, a 11, e principalmente a 1, para quem se inspira nos guarda metas. Mas não adianta, quando você fala em maiores craques da história, é impossível não se lembrar de Puskas, da gloriosa Hungria dos anos 50; de Platini e Zidane, da França em seus momentos mais vitoriosos; de Zico, Rivaldo, Ronaldinho, de vossa majestade Pelé; de Maradona, que creio eu não precisar de apresentações; de Francesco Totti, da Azzurra tetracampeã do mundo e maior ídolo da história da Roma. Do atual melhor do mundo, Lionel Messi. Todos eles, que envergam/envergaram consigo a majestosa camisa número 10.
E isso porque eu esqueci de citar vários dos lendários da camisa 10 ainda. Mas então, se a camisa 10 é só para os maiores, os melhores, usá-la deve pesar bastante. Imagine a pressão em ser o craque do time, o mais habilidoso, aquele que salva o time em momentos de desespero, que “leva o time nas costas”.
É, costumava ser assim, pelo menos.
Oscar e Neymar, os camisas 11 e 10, da seleção brasileira
No início dessa Copa das Confederações, tínhamos um cenário bem diferente do qual temos hoje: Uma seleção que devia futebol, descreditada com seu torcedor, e o mesmo podia ser dito para Neymar, que até então era o camisa 11 da seleção brasileira. Oscar, o camisa 10, estava passando pelo contrário. Em boa fase, era motivo de orgulho e de esperança para o torcedor brasileiro, com sua criatividade, sua agilidade, visão de jogo e passes decisivos.
Eis que, não muito distante da partida de abertura da Copa das Confederações, onde o Brasil enfrentaria o Japão, era de conhecimento público que Neymar trocou a sua já habitual camisa número 11, que usava tanto na seleção quanto em seu ex-clube, Santos, pela camisa 10, que pertencia a Oscar, o mesmo que passaria a usar a 11 em seu lugar.
Tendo algo a ver com isso ou não, quem sou eu para saber, foram precisos só 3 minutos de Neymar com a camisa 10 para que ele fizesse um gol, que gol senhoras e senhores, e encerrasse um jejum de já 9 intermináveis partidas sem balançar as redes, o que convenhamos, não é costumeiro vermos vindo do menino Neymar. Na mesma partida, Oscar fez bela jogada e belo passe para Jô marcar o ultimo tento canarinho, já no apagar das luzes. Isso, porém, não garantiu para o debutante da camisa 11 uma boa atuação. Mas tudo bem, quem não tem um dia ruim, não é?
Próxima partida, agora contra o México. Neymar mostra que, ao contrário de Oscar, a partida passada não tinha sido apenas “um dia”. Fazendo mais uma vez o gol que abriu o placar, fazendo mais uma vez um golaço, e fazendo mais uma vez grandes jogadas de efeito, o que já não víamos há algum tempo. Neymar selou com chave de ouro sua atuação no lance do segundo gol, onde ele faz uma bela jogada, driblando dois marcadores mexicanos ao mesmo tempo, e tocando a bola para Jô estufar as redes. Já Oscar, de mal a pior, passou mais uma vez apagado, insuficiente.
Terceira partida, contra a Itália agora, a mais difícil até agora, com certeza os craques aparecerão e resolverão. Bem, os craques Neymar e Fred apareceram e resolveram… Oscar não.
O que será que houve com Oscar? O que será que houve com Neymar?
Seria mera coincidência, o camisa 11 em má fase assume a 10, e volta a ser o craque do time, enquanto o craque da 10 a cede para o companheiro em baixa, pega para si a 11, e assiste a queda gradativa de seu futebol?
Bem, como já diria o sábio poeta e filósofo: Pode ser que sim, pode ser que não.
Eu, como sou, pessoalmente, um dos que gostam de todo esse miticismo, todo esse feeling por trás de coisas tão simples, como um algarismo na parte da trás da camisa, do qual o jogador nem tem visão enquanto esta jogando, acredito que não seja mera coincidência. Porém, se você me pedir algum fundamento para acreditar nisso, ai eu ficarei devendo. Afinal de contas, o mesmo sábio poeta e filósofo diz: futebol não tem que ser entendido, futebol tem que ser sentido.
O que é que esta havendo com a dupla de craques canarinhos, isso eu nem arrisco um chute. Só penso e desejo que Oscar reencontre seu caminho com a bola. Se Neymar voltou a sentir a alegria, a tal da ousadia, o tal do futebol, que Oscar deixe de sentir o peso da camisa 11, do imortal deputado federal Romário, e comece a sentir o futebol do colega, agora já não mais tão menino Neymar. E é claro, que quem sinta o peso da camisa brasileira, sejam só os adversários.
*Texto escrito por Matheus Antonelli Piccinin (@MattSEP).